Hoje recebi um telefonema de uma amiga. Ela me relatava que uma amiga dela já não sabia mais o que fazer com seu filho de cinco anos. Este, se tornara muito agressivo, em casa e, na escola. A suspeita era: na ocasião em que se deu início ao mau comportamento, nascera sua irmãzinha. Não pude deixar de ouvir imaginamente os gritos de desespero dessa criança com a chegada da irmã.
A chegada de um bebê ''estranho'' na família, pode despertar comportamentos agressivos no irmão (a) mais velho. Abordaremos neste espaço o que se pode fazer para transformar comportamentos agressivos em uma relação de amor, proteção e amizade.
A
chegada de um bebê na família: O sentimento e comportamento do irmão mais velho
A queixa
é a mesma: ‘’meu filho (a) vem apresentando comportamentos estranhos’’.
‘’Desde quando?’’, "Desde que engravidamos."
Primeiramente
devemos pensar a criança como um ser singular (ser único). Não dá pensar em
receitas mágicas, prontas, nem afirmar que todas as crianças vão se comportam
da mesma maneira. Mas devemos pensar que:
a chegada de um bebê na família irá balançar o interior de qualquer criança,
despertando os mais íntimos e diferentes sentimentos e comportamentos.
Imagine
uma criança de 5 anos, que sempre foi o centro das atenções, tem a admiração, o
amor, e os cuidados dos pais direcionado só para ela. De repente, vê sua mãe
acariciando a barriga, falando da chegada de um bebê, arrumando o seu
quartinho... A mãe fala para ele: ‘’você terá um irmãozinho (a)’’. Será que
essa criança sabe o que é ter um irmãozinho? Será que esse irmãozinho
irá tomar o seu lugar junto da mamãe e do papai? Será que ele foi
preparado para a chegada de um bebê?
Esse
é um momento em que a criança pode apresentar comportamentos estranhos, tais
quais: agressividade, inclusive na escola, enurese noturna (xixi na cama), falta de apetite, não querer mais andar, pedir bico ou mamadeira, insônia, etc. O
sentimento de ciúmes é o mais visível em muitas crianças. É nesse momento que
os pais têm que ter um ‘’espírito interventivo’’, eu diria: ter paciência e pensar o porquê de tal
comportamento: Por que está fazendo isso? Será que ele não faz
para chamar atenção? Conversamos com ele o suficiente para explicar a chegada
do bebê? Ou apenas perdemos a
paciência e logo aos gritos queremos que ele se cale? Qual foi o meu
comportamento com a chegada de um irmão (a)? Será que também me comportei estranhamente?
Fazia tudo ao contrário do que minha mãe pedia? Pode apostar que sim!!!
Desde
o nascimento o ser humano é cuidado pela figura materna, e ele vai fazer
qualquer coisa para não perder o seu reinado. Freud nos fala em seus
ensinamentos que o pai inicialmente é o grande rival da criança, imagine a chegada
de um irmão (a)? Ele terá que disputar o amor da mãe com mais um.
Seus pensamentos inconscientes podem se
resumir da seguinte maneira:
‘’Fazendo
tudo ao contrário, significa que ganhei a atenção da minha mãe. Se ganhei a atenção
dela com esse comportamento errado, continuarei aprontando, mesmo que eu sofra
às consequências. Mesmo que mamãe me bata, grite comigo, me coloque de castigo.
Eu a tenho perto de mim ’’.
Françoise
Dolto, uma das pioneiras da psicanálise com crianças diz que: ‘’O homem sabe
tudo desde muito pequeno’’
Desta
maneira, as crianças são muito mais inteligentes do que se pode imaginar. Seu
inconsciente é o mesmo quando se tornar adulto. E dependendo das intervenções
que a criança recebe quando apresenta maus comportamentos, pode torná-la um adulto
com sérios problemas de conduta. Por exemplo: Aquela pessoa que não mede
consequências para aparecer para os outros.
É
de suma importância, a meu ver, que a criança seja preparada desde cedo para a
chegada de um irmão (a). Cuidar para que esta criança não seja deixada de lado.
Convidá-la a participar da arrumação do quarto, das roupinhas... Convidá-la a
falar sobre o que acha da chegada do bebê. Em nenhum momento reprimir o seu
dizer... Deixar a criança se expressar, pois o que ela realmente quer dizer é
que está com medo, medo de perder o seu lugar.