terça-feira, 15 de maio de 2012

Hoje recebi um telefonema de uma amiga. Ela me relatava que uma amiga dela já não sabia mais o que fazer com seu filho de cinco anos. Este, se tornara muito agressivo, em casa e, na escola. A suspeita era: na ocasião em que se deu início ao  mau comportamento, nascera sua irmãzinha. Não pude deixar de ouvir imaginamente os gritos de desespero dessa criança com a chegada da irmã.
  A chegada de um bebê ''estranho'' na família, pode despertar comportamentos agressivos no irmão (a) mais velho. Abordaremos neste espaço o que se pode fazer para transformar comportamentos agressivos em uma relação de amor, proteção e amizade.


A chegada de um bebê na família: O sentimento e comportamento do irmão mais velho
A queixa é a mesma: ‘’meu filho (a) vem apresentando comportamentos estranhos’’.
 ‘’Desde quando?’’, "Desde que engravidamos."
Primeiramente devemos pensar a criança como um ser singular (ser único). Não dá pensar em receitas mágicas, prontas, nem afirmar que todas as crianças vão se comportam da mesma maneira.  Mas devemos pensar que: a chegada de um bebê na família irá balançar o interior de qualquer criança, despertando os mais íntimos e diferentes sentimentos e comportamentos.
Imagine uma criança de 5 anos, que sempre foi o centro das atenções, tem a admiração, o amor, e os cuidados dos pais direcionado só para ela. De repente, vê sua mãe acariciando a barriga, falando da chegada de um bebê, arrumando o seu quartinho... A mãe fala para ele: ‘’você terá um irmãozinho (a)’’. Será que essa criança sabe o que é ter um irmãozinho? Será que esse irmãozinho irá tomar o seu lugar junto da mamãe e do papai? Será que ele foi preparado para a chegada de um bebê?
Esse é um momento em que a criança pode apresentar comportamentos estranhos, tais quais: agressividade, inclusive na escola, enurese noturna (xixi na cama), falta de apetite, não querer mais andar, pedir bico ou mamadeira, insônia, etc. O sentimento de ciúmes é o mais visível em muitas crianças. É nesse momento que os pais têm que ter um ‘’espírito interventivo’’, eu diria: ter paciência e pensar o porquê de tal comportamento: Por que está fazendo isso? Será que ele não faz para chamar atenção? Conversamos com ele o suficiente para explicar a chegada do bebê? Ou apenas perdemos a paciência e logo aos gritos queremos que ele se cale? Qual foi o meu comportamento com a chegada de um irmão (a)? Será que também me comportei estranhamente? Fazia tudo ao contrário do que minha mãe pedia? Pode apostar que sim!!!
Desde o nascimento o ser humano é cuidado pela figura materna, e ele vai fazer qualquer coisa para não perder o seu reinado. Freud nos fala em seus ensinamentos que o pai inicialmente é o grande rival da criança, imagine a chegada de um irmão (a)? Ele terá que disputar o amor da mãe com mais um.
 Seus pensamentos inconscientes podem se resumir da seguinte maneira:
‘’Fazendo tudo ao contrário, significa que ganhei a atenção da minha mãe. Se ganhei a atenção dela com esse comportamento errado, continuarei aprontando, mesmo que eu sofra às consequências. Mesmo que mamãe me bata, grite comigo, me coloque de castigo. Eu a tenho perto de mim ’’.
Françoise Dolto, uma das pioneiras da psicanálise com crianças diz que: ‘’O homem sabe tudo desde muito pequeno’’
Desta maneira, as crianças são muito mais inteligentes do que se pode imaginar. Seu inconsciente é o mesmo quando se tornar adulto. E dependendo das intervenções que a criança recebe quando apresenta maus comportamentos, pode torná-la um adulto com sérios problemas de conduta. Por exemplo: Aquela pessoa que não mede consequências para aparecer para os outros.
É de suma importância, a meu ver, que a criança seja preparada desde cedo para a chegada de um irmão (a). Cuidar para que esta criança não seja deixada de lado. Convidá-la a participar da arrumação do quarto, das roupinhas... Convidá-la a falar sobre o que acha da chegada do bebê. Em nenhum momento reprimir o seu dizer... Deixar a criança se expressar, pois o que ela realmente quer dizer é que está com medo, medo de perder o seu lugar.